O advogado Aureo Tupinamba, que ficou conhecido por fazer a defesa do megatraficante André do Rap, é um dos treze presos pela p
O advogado Aureo Tupinamba, que ficou conhecido por fazer a defesa do megatraficante André do Rap, é um dos treze presos pela polícia paulista nesta terça, 16, em operação comandada pelo Ministério Público de São Paulo. De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o advogado é suspeito de integrar uma quadrilha que fraudava licitações abertas por órgãos públicos com participação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Considerado um dos chefes do PCC, André do Rap está foragido desde 2020, quando foi solto por decisão do então ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. Ele foi condenado a 25 anos de prisão por tráfico internacional de drogas e é procurado até pela Interpol.
Segundo o Ministério Público, a prisão de Tupinamba não tem relação direta com sua atuação na defesa do traficante. O mandado de prisão teria sido expedido em razão de sua participação no suposto esquema de desvio de dinheiro público por meio de concorrências fraudadas na área da limpeza.
O advogado é atualmente funcionário comissionado na Câmara Municipal de Cubatão, que afirmou, em nota, estar colaborando com as investigações e disposta a prestar quaisquer esclarecimentos. O vereador Ricardo Queixão (PSD) também foi preso nesta terça sob as mesmas suspeitas, assim como a servidora Fabiana de Abreu Silva, lotada na prefeitura de Cubatão.
Além dos três, a operação prendeu mais dez pessoas investigadas por participação no esquema que soma mais de 200 milhões de reais em contratos públicos. Outros dois vereadores estão na lista: Flavio Batista de Souza (Podemos), de Ferraz de Vasconcelos, e Luiz Carlos Alves Dias (MDB), de Santa Isabel, cidades da região metropolitana de São Paulo.
De acordo com os promotores do Gaeco, a quadrilha simulava concorrência com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico. “Também há indicativos da corrupção sistemática de agentes públicos e políticos, como secretários, procuradores, presidentes de Câmaras Municipais, pregoeiros, e diversos outros delitos – como fraudes documentais e lavagem de dinheiro”, informou o órgão.
A reportagem tenta contato com as defesas dos vereadores. O PSD informou que está acompanhando as apurações. “O partido não compactua com desvios de conduta e adotará, se necessário, punições exemplares cabíveis, de acordo com as conclusões dessas apurações e do devido processo legal”, disse, por meio de nota.
A executiva municipal do Podemos de Ferraz de Vasconcelos informou apoiar toda e qualquer investigação de combate ao crime organizado e acompanhar os desdobramentos da operação de hoje, para que, garantido o direito de defesa, venha a tomar medidas institucionais. Já a direção estadual do MDB em São Paulo informou que suspendeu a filiação de Queixão de forma cautelar. Ele foi eleito pelo PL em 2020, mas havia se filiado ao MDB na semana passada.