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A Amazônia tem problemas gigantes. Extração de madeira ilegal, pecuária de grande escala, tráfico de drogas e garimpo fazem parte de algumas das guerras a serem travadas para proteger o bioma da devastação. Estudo recente do MapBiomas, empresa que monitora o uso da terra, mostra que a Amazônia concentra 77% do garimpo no Brasil. O dado é desanimador, mas já foi bem pior: o bioma abrigava 92% das explorações em 2022, de acordo com o recente levantamento. Mesmo tendo diminuído, a atividade continua intensa e muito nociva ao bioma e às pessoas. O MapBiomas identificou que 40% das áreas de exploração estão a 500 metros de um curso de água, provocando o assoreamento e a contaminação. Dez por cento dessas terras, 25 mil hectares, estão em áreas indígenas protegidas ambientalmente pela constituição brasileira.
Esses dados explicam o fato de os índios de nove aldeias ianomâmis, em Roraima, estarem contaminados com mercúrio, como detectou pesquisadores da Fiocruz. A substância é usada no processo de separação do ouro. Quando cai na água, o metal acaba sendo absorvido pelos peixes, principal alimento do povo originário. “Enquanto o desmatamento fica circunscrito à área garimpada, o assoreamento gerado pela movimentação de terra na proximidade das bordas de rios e igarapés e a contaminação da água pelo mercúrio, e mais recentemente por cianeto, alcançam áreas muito maiores”, explica Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas. As aldeias ianomâmi (localizados em Roraima), munduruku (Amazonas, Pará e Mato Grosso) e kayapó (Pará) são as mais atingidas pelo garimpo.
O estudo ainda mapeou as pistas de pouso, principal via de transporte dos garimpeiros. As tribos com a maior quantidade são a ianomâmi, com 75 locais, em segundo lugar, Raposa Serra do Sol, 58, seguida pela kaiapó, 26, e, empatados, muduruku e Parque do Xingu, com 21.