Os casos de artrose, um processo degenerativo nas articulações, seguem em alta no mundo, mas estratégias inovadoras têm surgido
Os casos de artrose, um processo degenerativo nas articulações, seguem em alta no mundo, mas estratégias inovadoras têm surgido para contribuir com o tratamento da condição e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Um dos melhores exemplos, já disponível no Brasil, é uma nova geração de próteses de joelhos, impressas em 3D e completamente personalizadas para cada paciente.
Tais próteses customizadas aprimoram os resultados e prognóstico da artroplastia, procedimento de substituição da articulação afetada pela artrose. Ela é necessária quando o tratamento conservador não é eficaz e a qualidade de vida do paciente está severamente comprometida por dor, restrição dos movimentos e deformidades.
Apesar das taxas elevadas de sucesso do procedimento, muitos pacientes se dizem insatisfeitos com o resultado por apresentarem dor, rigidez e inchaço da região. Isso acontece porque as próteses de joelho tradicionais são idênticas para todas as pessoas, com variação apenas no tamanho. Dessa forma, para um encaixe perfeito, é necessário, muitas vezes, realizar grandes cortes no fêmur e na tíbia
Aí surgem as novas próteses como alternativa, pois são produzidas com base em imagens de tomografia computadorizada que permitem que o médico analise o tamanho, o formato e a posição dos ossos do joelho, garantindo um encaixe perfeito. Isso se traduz em uma cirurgia mais rápida, com menor necessidade de cortes ósseos e maior facilidade na hora de posicionar a prótese.
É uma tecnologia recente, com uso ainda restrito, pois as próteses precisam ser importadas e levam algum tempo para serem fabricadas. Mas, a longo prazo, devem garantir maior satisfação ao paciente no pós-operatório, pois, além de replicarem melhor o movimento articular do joelho real, as próteses de joelho personalizadas devem durar mais justamente por encaixarem com maior acurácia. Atualmente, as próteses convencionais resistem, em média, 20 anos.
A expectativa é que esses novos dispositivos se tornem mais acessíveis e utilizados no futuro, assim como vem acontecendo com a cirurgia robótica, que é outro grande avanço no tratamento da artrose. Essa tecnologia consiste no uso de um robô controlado pelo cirurgião que facilita a visualização e o planejamento da cirurgia, aumenta a precisão e reduz a agressão tecidual, com melhores resultados a longo prazo.
Mas, apesar de serem indicadas na maior parte dos casos em que a artroplastia total é necessária, as próteses de joelho customizadas não são recomendadas em todas as situações, como para pacientes que já apresentam perda óssea ou deformações severas. Por isso, é importante não adiar a artroplastia para que as deformidades não piorem, assim impossibilitando a utilização dessa tecnologia inovadora.
* Marcos Cortelazo é ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (SLARD) e da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte (ISAKOS)