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Enquanto o governo federal celebra avanços no combate à depredação na Amazônia, outra crise vem despontando entre as maiores preocupações ambientais do país — o desmatamento no Cerrado. O número de alertas de destruição no segundo maior bioma do Brasil e da América do Sul atingiu novo recorde em março, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta sexta-feira, 12.
De acordo com o sistema de detecção do desmatamento em tempo real (DETER), foram 524 alertas de desmatamento em março de 2024, o que representa uma alta de 23% em relação ao mesmo mês do ano passado. O resultado é o pior desde o início do monitoramento via satélite pelo Inpe, em 2019 — naquele ano, o instituto registrou 366 alertas.
A lamentável estatística indica piora em quadro que já se agrava, pelo menos, desde 2023. O mesmo sistema de medição do Inpe observou um aumento de 43% dos avisos de depredação em relação ao ano anterior, chegando a uma área superior a 7.800 quilômetros quadrados.
Força-tarefa dos estados
No último mês de março, o governo federal anunciou a formação de uma força-tarefa em conjunto com sete estados e o Distrito Federal para conter o avanço do desmatamento no Cerrado. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, os governos estaduais têm maior poder de ação fiscalizatória no bioma, enquanto a União tem mais força na Floresta Amazônica.
Ainda de acordo com o Inpe, aproximadamente 75% da destruição do Cerrado está concentrada em quatro estados: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. As quatro unidades da federação abrigam cinquenta municípios onde ocorre mais da metade do desmatamento.
Considerado um dos ecossistemas com maior biodiversidade do mundo, o Cerrado ocupa cerca de um quarto do território brasileiro e abriga mais de 6.000 espécies vegetais, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além da riqueza e diversidade da fauna e flora, cerca de 40% de toda a água doce do Brasil está concentrada no bioma.