Jovem teve puberdade precoce e entrou na menopausa aos 16 anos; entenda

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Jovem teve puberdade precoce e entrou na menopausa aos 16 anos; entenda

A estudante Julia Micaelly Ribeiro Carvalho tem 19 anos e mora no Maranhão. Assim como muitos jovens, ela relata um pouco de sua vida pelas redes soc

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A estudante Julia Micaelly Ribeiro Carvalho tem 19 anos e mora no Maranhão. Assim como muitos jovens, ela relata um pouco de sua vida pelas redes sociais, principalmente no TikTok. No entanto, a história dela se diferencia e chama atenção por dois fatores ginecológicos não tão comuns: aos 4 anos de idade ela já passava pela puberdade e, aos 16, ainda precisou tirar os dois ovários, iniciando uma menopausa “cirúrgica” e “precoce”.

Julia passou avaliações de médicos que informaram que as duas coisas não tiveram relação, se tratando apenas de uma “coincidência”.

“Embora possa acontecer menopausa precoce em pacientes que tiveram puberdade precoce, não é um fator de risco causal específico”, explica Natacha Machado à CNN. Machado é ginecologista da Plenapausa, empresa com foco na saúde da mulher após a menopausa.

Julia explica que a puberdade precoce ocorreu por fatores genéticos, enquanto a menopausa se deu por um rompimento dos ovários, até hoje acontecido sem explicação. À CNN, especialistas explicam mais sobre as condições: por que ocorrem, seus sintomas e tratamentos.

“Eu fazia natação e notava diferenças entre meu corpo e o corpo das meninas da minha idade. Eu tomava banho separada das outras porque já sentia vergonha. Eu já tinha pelos, bastante”, disse Julia, em conversa com a CNN, sobre ter iniciado a puberdade aos 4 anos.

“A puberdade precoce é quando o ovário começa a funcionar antes do período da adolescência”, explica a ginecologista Machado. “Então, sempre que surgem características sexuais em crianças menores de nove anos, como o surgimento de pelos pubianos e nas axilas, surgimento de acne, aparecimento das mamas e até a primeira menstruação acontecendo antes desta idade, a gente costuma chamar assim.”

Segundo Julia, os médicos pontuaram o fator genético como causal. Ela tem vários casos com as mulheres em sua família por parte de pai.

@juhh.micaelly

♬ mitski does the cha cha slide – Luce

Machado explica que é possível que a puberdade precoce seja, de fato, de ordem genética. “Quando há alguma síndrome e/ou alteração cromossômica, e histórico familiar (mães, irmãs, tias com puberdade precoce) pode ser um indício de que isso vai acontecer.”

Luciano Curuci, Ginecologista e Presidente do Colégio Médico de Acupuntura de São Paulo, explica que a condição também “pode ocorrer por questão sem causa aparente, mas, acima de tudo, deve haver uma avaliação com o pediatra e com o ginecologista que cuida de crianças, que é o ginecologista infanto, a fim de fazer uma avaliação de dosagens hormonais pra afastar, inclusive, tumores”.

“É muito importante observar seus filhos. A puberdade precoce não começa a dar sinais com muita antecedência, então aquela criança que começa a ter mais ‘cheirinho’ embaixo do braço, começam a aparecer pelos, começa a ter um comportamento mais irritadiço, secreção vaginal que aparece na calcinha, são indícios de que a função ovariana está sendo despertada”, aconselha Machado.

Quando tinha apenas 14 anos, Júlia acordou de madrugada com intensas dores abdominais que a fizeram ser levada às pressas para o hospital. Chegando ao local, ela descobriu que estava tendo uma hemorragia, pois seu ovário havia se rompido. Na cirurgia feita para salvar sua vida, foi necessário retirar seus dois ovários e, como consequência, ela parou de ovular e tempos depois entrou na menopausa, dois anos depois, aos 16.

Em vídeos no TikTok, a estudante fala sobre como enfrentou esse momento de sua vida: “Eu pesquisava na internet e não encontrava ninguém com histórias parecidas com a minha e me questionava: ‘Será que isso só está acontecendo comigo? Que azar grande é esse!””

@juhh.micaelly

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♬ som original – Julia Ribeiro

 

 

“Foi um choque quando eu descobri”, falou à CNN. “A gente não sabe o motivo até hoje, foi um cisto hemorrágico, mas a gente não sabe porque ele foi agressivo e silencioso. O começo é horrível, é muito bruto. Eu fiquei depressiva, não queria sair de casa, chorava e ficava muito irritada, por conta de desequilíbrio hormonal. Foi difícil para mim e minha família.”

Segundo os profissionais, qualquer processo de menopausa que ocorra antes dos 40 anos pode ser considerado precoce.

“Os motivos mais comuns disso acontecer são, quase sempre, por cirurgia de remoção dos ovários – por algum tipo de cisto ou tumor – ou em função de algum tratamento de quimioterapia ou radioterapia por causa de algum tipo de câncer”, explica Machado. “Ela também pode estar associada a fatores genéticos, como a mãe ou irmã que entrou em menopausa precoce, estilo de vida (o tabagismo adianta a menopausa em um ou até dois anos), pacientes que fazem exercícios extenuantes com baixíssimo índice de massa corporal e, eventualmente, em alguns casos específicos de infecção que afetem o ovário e a função dele.”

Curuci explica que o caso de Julia pode ser chamado de uma menopausa “cirúrgica”, já que se deu precoce por conta do procedimento médico no hospital.

Dentre os sintomas, os profissionais evidenciam o calor, atrofia da pele (causando um ressecamento da região), ressecamento da mucosa vaginal – que pode trazer dor na relação sexual, comumente chamada de dispareunia – infecções urinárias, queda de cabelo, unhas enfraquecidas, cansaço, insônia, irritabilidade, alterações de humor que vão desde ansiedade a depressão, alteração da memória, mudanças de foco, de concentração, olhos secos, diminuição da libido e osteoporose.

Embora os sintomas sejam mais intensos entre cinco a 10 anos, existem pessoas com mais de 20 anos de menopausa que ainda apresentam sintomas, ressalta Natacha.

Em relação ao tratamento, os ginecologistas dão foco à reposição hormonal, acupuntura e uma dieta balanceada junto com atividade física regular.

Julia também relatou que sentia frustração pela vontade que sempre teve de ser mãe e gerar uma criança.

“Ser infértil de um dia para o outro foi muito chocante. Eu dei muito trabalho, fui para a terapia, emocionalmente foi a pior parte. Eu não entendia porque isso tinha acontecido comigo. Não achava ninguém que tinha passado pelo mesmo”, contou.

“Hoje é completamente diferente, fiz 9 meses de terapia. Consigo conversar sobre, não tenho mais choro, desequilíbrio hormonal porque faço terapia hormonal também, consigo menstruar artificialmente, que era uma coisa que me incomodava. Fisicamente também ainda preciso tomar muitas vitaminas. Mas já posso engravidar por fertilização in vitro”, complementou.

Falando sobre o assunto no TikTok, Julia logo encontrou diversas mulheres que passaram por algo semelhante. Atualmente ela mantém um grupo no WhatsApp com outras que passaram por falência ovariana e até mesmo retirada dos ovários.



Fonte: Externa